"A primavera chega, a primavera parte.
Nascem-me cabelos brancos e vejo novas rugas de vez em quando.
Sinto uma fadiga gradual…de quem espera sentado, mas fulmina por dentro.
Sinto uma força a consumir-me, apesar de não me restar força alguma.
Vejo uma beleza lá fora, mas não consigo fazer parte dela.
Estou sentada à espera…
Os dias correm,
ora devagar, ora num ápice,
mas no fundo nada muda…o tempo corre sempre ao mesmo passo.
O tempo não perdoa,
o que não foi feito, feito ficou.
E eu fiquei sentada à espera…
O comboio parou e partiu,
vejo gente a entrar,
uns com sorrisos,
outros com incertezas…e mesmo outros com medo,
mas partiram…
E eu fiquei sentada no banco à espera…
Cada dia que passo sinto mais a velhice,
a velhice do queixume,
a velhice da dor,
mas não sinto a velhice da sabedoria…
Porque fiquei parada e não vivi…
Porque o medo paralisou-me e impediu-me de crescer…
Cresci rápido demais e caí,
caí na esperança de que haveria algo mais,
quando na realidade mesmo que quisesse já anda vejo senão a desilusão do presente, a mágoa do passado e o desespero do futuro."
1 comment:
Lindo...
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