O mais recente filme sobre Hitler, uma das personagens mais marcantes (mesmo que pela negativa) do séc. XX, é nos abordada pela lente de Oliver Hirschbiegel. O filme revela uma abordagem histórica e humana dos últimos acontecimentos (últimos meses) da segunda guerra mundial, concentrada na figura de Hitler e pessoas mais próximas (amante/esposa, secretária, generais...). É escusado referir a história em si porque infelizmente já a conhecemos bem, mas este filme não toca pelo horror da aniquilação judia como tantos outros, não, este agarra a história e mostra ao mundo duas pessoas, o Hitler pessoa e o Hitler Terceiro Reich. É realmente importante ter a noção que as pessoas podem não ser monstros, e que no fundo todos temos um pouco de humanidade e loucura, não querendo desculpar de forma alguma a chacina que ocorreu, pelo contrário, é ver que qualquer pessoa pode ter acções desumanas e ser “pessoa” ao mesmo tempo. Devo dizer que a película é muito interessante para alguém que goste de história, e conheça esta em particular. Há um batalhão de nomes sonantes (Himmler, Goebbles, Speer...), e para quem não conhece, é claro, uma excelente forma de passar a conhecer, a menos que não consiga acompanhar tanto nome de general que aparece. É relevante a existência destes filmes, para os que não viveram a II Guerra mundial possam se aperceber da realidade e de que infelizmente o Homem é capaz de coisas atrozes.
Palmas, para o actor suíço Bruno Ganz (“Hitler”) que tem uma representação fabulosa e poderosa.
É terrível ver como todos os que o rodeavam ficavam “hipnotizados” pelas suas palavras e ideologias, e como alguma mãe consegue assassinar cegamente os seus 6 filhos por causa de um império que caí, duma ideologia que termina (embora hajam momentos de alguma incerteza na tarefa). O ser humano é algo com que se deve estar sempre em cautela, nunca sabemos do que somos capazes e de que armadilhas a nossa mente nos coloca.
Palmas, para o actor suíço Bruno Ganz (“Hitler”) que tem uma representação fabulosa e poderosa.
É terrível ver como todos os que o rodeavam ficavam “hipnotizados” pelas suas palavras e ideologias, e como alguma mãe consegue assassinar cegamente os seus 6 filhos por causa de um império que caí, duma ideologia que termina (embora hajam momentos de alguma incerteza na tarefa). O ser humano é algo com que se deve estar sempre em cautela, nunca sabemos do que somos capazes e de que armadilhas a nossa mente nos coloca.
2 comments:
Que posso dizer, adorei o filme. Revela com grande imparcialidade o final da guerra, o que realmente aconteceu, usando os relatos das pessoas que realmente tiveram lá sem os deturparem, como tantas vezes, infelizmente acontece. (Não imaginam o meu receio ao ver o filme, de um momento para outro surgir o exercito americano, porque este sempre arranja maneira de aparecer, mesmo que esteja a centenas de km como era o caso, só aí o filme ganhou muitos pontos)
Em relação ao Hitler, é sem dúvida necessário tirar o chapéu ao actor, a sua representação foi simplesmente fantástica! Numa cena em que ele se passa dos carretos e começa a berrar, foi retrato chapado dos discursos reais que ficaram guardados do ditador. Quer nos gestos, quer no que me impressionou mais, a voz.
Os combates eram bastante realistas, tendo sempre os soldados a preocupação de se atirarem ao chão cada vez que haviam sinais da aproximação de um obus, coisa que não se vê em muitos filmes.
O armamento não possuía qualquer falha, pelo menos que eu tenha reparado. Mas o que retrataram com grande louvor foi a exaustão dos combatentes. Aquela amalgama de soldados de alma completamente derrotada e tão cansada de lutar, na derradeira cidade ainda apinhada de inocentes civis. Sem duvida o retrato do sofrimento de uma capital a ser conquistada foi muito bem conseguido. E onde foi valorizada a coragem inútil, mas mesmo assim coragem, de muitos soldados, que mesmo perante derrotas esmagadoras, lutavam por cada centímetro que os russos rapidamente conquistavam. Sempre acompanhados pelos civis que foram obrigados a lutar pelo Dr. Gobelles, que sem formação nem experiência nenhuma se entregavam a uma morte rápida, pois se assim não fosse seriam perseguidos e enforcados (bem ao estilo nazi). Era bem demonstrado o sucesso da transmissão da ideologia aos mais novos, tendo como exemplo extremo aquela jovem rapariga que se encontrava a lutar na flak de 88mm.
Outro pormenor que gostei particularmente foi a conversação entre os membros de menor patente do bunker, a discutirem qual a melhor forma de se suicidarem, e a atmosfera de puro humor negro que sempre foi uma marca característica de uma região fustigada pela guerra, ainda me lembro de uma frase dita no filme: "A cidade de Berlim é muito conhecida por ter casas arejadas... Aquela foi pelos ares, outra foi pelos ares..." que me fez lembrar uma "piada" retratadas num livro que nunca cheguei a levar da livraria: "Este Natal seja prático, ofereça um caixão!" isto no Inverno de 1944 em Berlim.
Eu sei que já escrevi demais, e que já me perdi bastante, mas não posso deixar de referir um último comentário. Sempre ouvi dizer que a Eva Brown sempre tentava manter o ambiente o mais animado possível, e eu sempre tentei imaginar como seria possível tal sem se ser uma pessoa profundamente cruel e sarcástica, ou completamente inconsciente da realidade. Neste filme retrata como isso é possível. Grande mulher!
Vou parar! O que disseste também retrata muito bem este grande filme, de tal forma que não vou abordar alguns assuntos (senão nunca mais saída daqui).
Pois é tu e a Guerra ahá aí um misticismo...bem, essa piada do Natal está muito bem vista...essa da Eva Braun não sabia, mas realmente é como dizes o filme caracteriza-a muito bem!
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