Monday, November 6

“Children of Men” de Alfonso Cuarón

Ano 2027, o mundo é um caos e perece da incapacidade da espécie humana de se perpetuar. Não há futuro, logo não há esperança, nem para a humanidade nem para o planeta. No entanto, a Inglaterra ainda se mantém, quiçá por ser uma ilha, aprisionando e instigando a remoção de todo e qualquer emigrante, os quais são remetidos para campos de “concentração” sem o mínimo de humanidade. Clive Owen, Julianne Moore e Michael Caine integram o elenco deste filme, realizado pelo autor mexicano de filmes como “Great Expectation (1998)”, “Y tu mamá también (2001) e o mais recente “Harry Potter and the Prisoner of Azkaban (2004)”. O argumento é baseado no livro de P.D. James, com o título homónimo ao filme e escrito pelo próprio Cuarón. A trama toma curso quando Faron (Clive Owen), antigo activista é incumbida de levar a mãe da humanidade até a um barco na costa da Inglaterra, que a levará a ela e ao seu filho até aos Açores, onde está sedeado o Projecto Humano que visa a renovação da espécie.

A história não é nova… a infertilidade é um problema cada vez mais actual, mas nunca a tão grande escala. O que será necessário para que massivamente todas as mulheres deixem de ser férteis de um momento para o outro? Culpa-se a poluição, culpa-se as novas tecnologias, mas a verdade é que nada disso é bem explicado ao longo do filme. É natural que a infertilidade aumente…mas e os países de 3º mundo? Será viável? Não me parece…Demasiado cliché a ideia de que apenas um mulher poderá salvar a humanidade e que pouca coincidência, ela é negra e “estrangeira”, tal como provavelmente a nossa origem, quando o homem veio de África. Até Maria, a mãe de Cristo o foi. O filme tem o seu quê de violento, não só visualmente como psicologicamente. Apesar das guerras do século passado ainda estarem muito presentes e as guerras do presente serem fruto de grande exposição mediática, o certo é que ainda nos espantamos com a nossa “humanidade”, com a nossa pequenez e como a própria política rege sobre as dificuldades.
O filme é mediano porque não se foca na explicação mas na acção, demonstra bem o caos e expõe por comparação inevitável o problema dos refugiados e dos emigrantes (ora não fosse o autor mexicano) e ao mesmo tempo caí no erro de não aproveitar bem os seus actores. A situação parece por vezes tão irreal como por vezes a própria representação, provavelmente por falta de densidade das personagens.

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