Sunday, May 21

“The DaVinci Code” de Ron Howard


O blockbuster do ano estreou-se mundialmente no dia 19 deste mês e eis que acontece a desenfreada loucura pelos primeiros bilhetes, as primeiras sessões...Nada melhor do que uma adaptação de um best seller mundial para arrastar multidões...Dan Brown escreveu o livro em 2001 e em crescendo se espalhou pelos vários continentes, traduzido em várias línguas, provocou tanta polémica quanto os “ofendidos” quiseram. Publicidade grátis? Ah pois é, ninguém resiste a um pouco de controvérsia. Li o livro há já algum tempo e confesso que me recordava apenas de alguns momentos chave, recordo-me perfeitamente que a revelação bombástica não me afectou, achei perfeitamente normal que Cristo se tivesse casado e eventualmente deixado descendência. Pergunto eu que mal tem isso? Se na bíblia, o livro mais lido de todos os tempos, está escrito “Crescei e multiplicai-vos (ou coisa que pareça)”, porquê que Cristo não poderia ter sido incluído, mesmo que apelidado de divino a sua condição humana é inegável. A própria ideia de uma igreja que caça e tenta destruir essa mesma linhagem é algo apenas aparentemente chocante, porque convenhamos que a história real da cristandade revela pouca pureza e digamos que está já um “pouco” manchada, mais uma nódoa ou não, acabamos por ficar na mesma. Falar de religião é sempre um tema controverso, primeiro porque os próprios factos se contradizem e quando algo se baseia em fé, então cada um tem a sua e não há quem tenha razão. A humanidade em crescimento exponencial é algo de muito perigoso por isso não é de admirar que existam histórias, religiões com o objectivo de conduzir o povo numa vivência terrestre mais serena. Concordo inteiramente na sua necessidade, os papéis dos profetas e reis foram importantíssimos, tanto para o bem como para o mal. Nunca saberemos ao certo quais as histórias verdadeiras, quais as aumentadas e fabricadas por um “bem” maior, o problema é quando deixa de existir este bem maior e começa a existir um clima de medo, intolerância, coacção e perseguição. O importante será cada pessoa atingir o seu equilíbrio no universo, com ou sem fé, com ou sem religião mas nunca esquecendo a tolerância e a livre vontade dos que as rodeiam.

Falando no filme, este conta com a participação de Tom Hanks (Robert Langdon), Audrey Tautou (Sophie Neveu), Ian McKellen (Sir Leigh Teabing), Paul Bettany (Silas), Jean Reno (Bezu Fache) e Alfred Molina (Bispo Aringarosa). Poder-se-á dizer um autêntico elenco de luxo, e se juntarmos os magníficos cenários, o Louvre, Paris, Londres, Temple Church, Roslyn Chapel e uma trama algo movimentada e efusiva o filme dir-se-ia ganho à partida. A questão é que com tanto isto ao dispor do realizador e dos próprios autores o filme sabe a pouco...Achei fantástico as cenas sobrepostas passado/presente, muito bem pensado, ficou muito bom! Dos actores devo dizer que Audrey está completamente encantadora, embora se note que o inglês custa a sair...dos restantes actores esperava mais, achei-os um pouco presos na representação, foram pouco inovadores na exploração das personagens...Não houve grandes desvios ao livro (penso eu), mas também não o melhoraram, as sequências de acontecimentos pareciam muito pautadas pela leitura do livro e no entanto não aproveitaram a parte do clímax para provocar mais suspense (não fazia mal nenhum pois nem toda a gente leu o livro).Em suma, o filme não deixa de ser engraçado e bom de ver (ai Paria Paris), mas faltou um toque de mestre.

3 comments:

Uruk Riot said...

Oh! Que surpresa! Mas ao mesmo tempo que desilusão… Falo da revelação, porque como ainda não li o livro, nem vi o filme (por razões que eu não quero falar aqui), e como toda a tralhada que fala do Código de DaVinci me entra por um ouvido e sai por outro (excepto este post, o qual li com máxima atenção… héhé!) desconhecia por completo o motivo da controvérsia! E eis que finalmente o sei! Juro que pensava que tinha de ler o livro ou ver o filme para o saber, ou pelo menos julgar saber… porque sempre imaginei que tal estivesse codificado. Afinal de contas é algo corriqueiro, e diga-se de passagem totalmente natural. Cristo! É assim mesmo!
Suponho que a esposa seja a Maria Madalena… Parabéns Maria! Aí tens um bom rapaz para te consular quando tiveres a chorar!
De facto é complicado falar de religião, nomeadamente quando se mexe na fé das pessoas, que a meu ver é algo extremamente pessoal e que deve ser sempre respeitado, mas não posso deixar de referir que a igreja ultimamente a meu ver tem perdido cada vez mais pontos, e de uma forma vertiginosa! Desde os três novos pecados mortais, até à contínua recusa à utilização de contraceptivos, e a negação da óbvia “libertinagem” de alguns padres. Não seria muito melhor se a igreja se adaptasse um pouco aos novos tempos? É certo que existe a tradição e os mandamentos que já têm uns séculos valentes, mas a natureza sempre demonstrou repetidamente um importante padrão, ou adaptas-te ou vais de vela… E cada dia que passa vejo os poderes da igreja a diminuírem. Agora se isso é bom ou mau…

Boreas said...

Tendo visto o filme sem ainda ter lido o livro, e tendo acabado de ler o primeiro do autor, Anjos e Demónios aqui vão alguns pensamentos. Confesso que ainda não me posso pronunciar sobre a adaptação em si dado não ter lido ainda o livro, mas soube já que cortaram algumas cenas que só beneficiaram a história.

Concordo contigo sobre o efeito das cenas sobrepostas e os flashbacks... várias delas pareciam retiradas de filmes especificos sobre a época,como o recente Reino do Céu.

Quanto à interpretação, adorei a Audrey e os seus subtis praguejos em frances o seu papel é provavelmente ainda maior que o de Robert Langdom o heroi e ela soube desempenha-lo e imprimir toda a força da personagem. Por certo, oa dificuldade com o ingles pode ser simplesmente, pela personagem, afional o filme foi tri ou tetralingue. Ian McKellen pelo seu lado tambem não me desiludiu, criando uma certa atmosfera de cinismo e loucura à volta do investigador.

Sobre o cern da questão... já conhecendo duas das obras do autor entende-se o porque do seu tremendo sucesso.
Mistura uma linguagel acessivel com uma narrativa acelerada e muita acção desenfreada e por vezes carnal. Logo utiliza uma formula extraordinariamente efectiva e comum: pegue-se em algo existente e não muito conhecido do grande público, capaz de gerar especulação, misture-se com vários elementos de conspiração, e atribua-se simbolismos a diversas coisas conectadas ou não.

O resultado é um caminho intuitivo já criado fisicamente que o autor traça por cima reformulando todo o seu conteudo e atribuindo-lhe novos significados. Evidentemente isso atrai as pessoas e gera especulação. E com isso incluimos a maça, a antimatéria, a mona lisa, todas as piramides e obeliscos.


Sobre o conteudo do filme em si... a verdade é que me passa completamente ao lado e não me choca em absoluto. Todos já sabemos que a igreja guarda segredos e cria constantes tabús igualmente o fazem muitos outros governos. Há mortes e sempre o houve, e enfim.....qualquer infeliz pessoa deveria ter direito de casar. Logo a tematica não me abala em absoluto.


Já agora .....que 3 novos pecados mortais esta igreja inventou agora, que jamais foram postos em qualquer evangelho ou livro dsagrado?

Uruk Riot said...

Os três novos grandes pecados (disse que eram mortais mas não sei se assim é, pois não domino muito a matéria) são eles:
Excesso de televisão
Excesso de jornais/revistas
Excesso de Internet

Pelo que consta que estas actividades em excesso levam a que se perca tempo útil, isto é tempo que poderia ser muito bem utilizado para ler a bíblia. Isto levantou-me várias dúvidas satíricas, mas todas inclusive mais algumas foram referidas numa rubrica excelente de "Há vida em Markl". Quem teve a feliz oportunidade de ouvir sabe do que estou a falar!