Sunday, March 5

"Good Night and Good Luck" de George Clooney


"We will not walk in fear, one of another. We will not be driven by fear into an age of unreason, if we dig deep in our history and our doctrine; and remember that we are not descended from fearful men. Not from men who feared to write, to speak, to associate, and to defend causes that were for the moment unpopular. This is no time for men who oppose Senator McCarthy's methods to keep silent, or for those who approve. We can deny our heritage and our history, but we cannot escape responsibility for the result. There is no way for a citizen of a republic to abdicate his responsibilities. As a nation we have come into our full inheritance at a tender age. We proclaim ourselves, as indeed we are, the defenders of freedom, wherever it continues to exist in the world, but we cannot defend freedom abroad by deserting it at home. The actions of the junior Senator from Wisconsin have caused alarm and dismay amongst our allies abroad, and given considerable comfort to our enemies. And whose fault is that? Not really his. He didn't create this situation of fear; he merely exploited it — and rather successfully. Cassius was right. "The fault, dear Brutus, is not in our stars, but in ourselves." Good night and good luck."

– “See it Now” broadcast, March 9, 1954

Esta, é parte da transmissão mítica que ocorreu no dia 9 de Março de 1954, nos estúdios da CBS, denunciando para toda a América os métodos inquisitivos de Senador McCarthy na sua caça cega aos comunistas. Numa América aterrorizada e reprimida eis que alguns repórteres decidem combater o medo instalado, expondo a realidade. A equipa é liderada por Ed Murrow, o anfitrião dos programas “See it Now” e “Person to Person”, aquele que deu a cara na “luta” contra o senador e que foi notoriamente reconhecido pelos seus esforços, não só na construção de uma carreira sólida, mas dando início também à investigação jornalística no meio de comunicação que dava os primeiros passos, hoje inequivocamente o mais popular. Murrow e toda a restante equipa arriscaram-se dizendo não à passividade, à permissividade e ao medo.
George Clooney realiza e representa este “Good Night and Good Luck” expondo naturalmente questões políticas, mas dando uma achega importante ao papel da televisão, que acaba nos nossos dias por ser efectivamente um meio para nos iludir, entreter e isolar e não para nos informar (como é referido no filme). Vemos todos os dias o quão tendenciosa é a informação que nos chega na televisão, e como a verdadeira informação falha em grande parte. A questão fica talvez na definição do que é realmente a verdadeira informação… Nos dias de hoje é impossível dizer não ao entretenimento, já está demasiado entranhado em nós e no sistema, no entanto, é possível uma cooperação, se houver variedade, a televisão pode contribuir não só para o entretenimento, mas para a cultura, para a informação global e regional e para a consciencialização pública.
Este é notoriamente um filme que retrata uma época, a chamada Guerra-fria, uma “batalha” entre duas super potências, a ex-URSS e os EUA, não muito longe estiveram esses dias, e é um dia que apesar da nossa liberdade de expressão pode voltar. Ou melhor, existe em vários locais no globo e mesmo nos ditos de “1º mundo”, a opressão e o medo pode-se instalar de várias formas, subtis e até não é necessário olharmos pró terceiro mundo. Podemos seguir as nossas ideologias e crenças não interferindo na liberdade dos outros, dando a escolher, não limitar o mundo apenas aos olhos de quem tem esse poder.
Sem dúvida “Good Night and Good Luck” é um bom filme de apenas 93 minutos que sabem a pouco, com representações sólidas, o objectivo e a mensagem é suficientemente claro. David Strathairn esteve excelente como Murrow, um actor com uma voz penetrante, ideal para um comunicador nato. E ver o filme a preto e branco é simplesmente delicioso. Espero que ganhe algumas estatuetas, na minha opinião vale mais do que outros filmes que tanto frenesim provocaram desnecessariamente.

1 comment:

Uruk Riot said...

Parece ser um filme castiço, de uma época que para mim é o culminar da hipocrisia americana (o que não que dizer que hoje esteja mais razoável). Despertas-te me o interesse para o ver. Quanto aos Óscares, bem sabes que os que fazem rebuliço são os que ganham (excepto se forem estrangeiros). Eu vejo os Óscares um pouco como os prémios MTV, o que vender mais, tenha ou não qualidade, tem sempre muitas mais hipóteses de ganhar. Mas como são hoje, não é preciso aguardar muito para descobrir... Héhé!