Friday, March 31

Pérolas Infantis


Há uns dias Nuno Markl referiu na antena 3 o nome de um site - "O Mistério Juvenil", onde fez alusão a anúncios antigos, verdadeiras pérolas que relembram tempos passados a qualquer adulto actual. O site, ao carregar em momento mágico é simplesmente o voltar à infância com áudio/ vídeo de canções de séries, desenhos animados, anúncios etc...Encontram-se coisas maravilhosas como a canção e vídeo do vitinho, a canção da rua sésamo, Heidi, Era uma vez a vida...Vejam e ouçam, é fantástico como o tempo passa...
Já agora se gostarem de ver/ler o que Markl anda a fazer na antena 3 e não tem tempo para ouvir pode retirar os episódios no seu podcast no iTunes, ou lê-los no seu site Há vida em Markl.

Saturday, March 18

“The broker”(2005) de John Grisham


Eu estava acostumada a ver filmes baseados em livros de John Grisham e o mais provável é que toda a gente já viu pelo menos um e em geral a história até é bem pensada, temos o exemplo de “The Runaway Jury” e dos mais antigos “The Firm” e “The Pelican Brief”. Normal pois, que quando leio “The broker” sinto, à medida que o vou folheando, a mesma dose de conspiração. O “broker” é um advogado muito dado aos lobbys e com uma influência avassaladora na política, quando lhe chega em mãos JAM, um software desenvolvido por paquistaneses que descobriram satélites “escondidos”, a caça às bruxas começa, o advogado acaba preso e o seu comparsa morto pelos chineses. Todos andam à procura desse software, inclusive a CIA e todos querem pôr as mãos em Joel Backman (the broker, corrector, advogado …). Alguém se lembra de o libertar através de um perdão, vindo directamente do presidente no seu último dia de mandato. Joel é levado para uma cidade em Itália, onde assume uma nova identidade, uma nova língua e onde tenta perceber o que lhe está a acontecer…ele toma consciência que é o rato preparado pela CIA para ver a identidade do gato que o vai eliminar.
É de concordar que a história, talvez um pouco repetitiva até teria potencial, mas quando cheguei ao fim do livro senti-me verdadeiramente insatisfeita, o final é demasiado brusco e sem problemas, não há novidades, não há surpresa para o leitor. É sem dúvida um livro que se lê, mas que não diverte!

“Sophie Scholl - Die letzten Tage” (2005) de Marc Rothemund


(a semelhança parece óbvia não?)


Nomeado para Óscar de melhor filme estrangeiro, “Sophie Scholl- Os últimos dias” não é um filme de guerra física mas psicológica. Estamos em Münich 1943, Shopie e o seu irmão são estudantes e membros do grupo de resistência "Weiße Rose" (Rosa Branca) que se opõe ao regime Nazi, através da distribuição de panfletos, alertando as massas para a verdadeira realidade, camuflada pela “brilhante” propaganda de Goebbles. Numa distribuição de panfletos na Universidade, os irmãos são apanhados pela Gestapo, presos e interrogados. O filme continua principalmente no seu interrogatório, nas ideias que sustenta e nos valores da resistência, até que ambos acabam na guilhotina. Este é só um dos milhentos exemplos de coacção, repressão e eliminação dos que se opuseram e “felizmente” que assim o fizeram. É sem dúvida um bom filme para quem gosta da temática, e é baseado numa história real que não nos deixa esquecer o que a palavra resistência pode significar…tanto para o bem como para o mal. Aplausos para a representação de Julia Jentsch (Sophie Scholl), gostei bastante, aliás não é por acaso que ela ganhou vários prémios de melhor actriz, tanto no Festival Internacional de Cinema de Berlim, nos Prémios de Cinema Europeus e outros tantos em festivais alemães.

Sunday, March 5

"Good Night and Good Luck" de George Clooney


"We will not walk in fear, one of another. We will not be driven by fear into an age of unreason, if we dig deep in our history and our doctrine; and remember that we are not descended from fearful men. Not from men who feared to write, to speak, to associate, and to defend causes that were for the moment unpopular. This is no time for men who oppose Senator McCarthy's methods to keep silent, or for those who approve. We can deny our heritage and our history, but we cannot escape responsibility for the result. There is no way for a citizen of a republic to abdicate his responsibilities. As a nation we have come into our full inheritance at a tender age. We proclaim ourselves, as indeed we are, the defenders of freedom, wherever it continues to exist in the world, but we cannot defend freedom abroad by deserting it at home. The actions of the junior Senator from Wisconsin have caused alarm and dismay amongst our allies abroad, and given considerable comfort to our enemies. And whose fault is that? Not really his. He didn't create this situation of fear; he merely exploited it — and rather successfully. Cassius was right. "The fault, dear Brutus, is not in our stars, but in ourselves." Good night and good luck."

– “See it Now” broadcast, March 9, 1954

Esta, é parte da transmissão mítica que ocorreu no dia 9 de Março de 1954, nos estúdios da CBS, denunciando para toda a América os métodos inquisitivos de Senador McCarthy na sua caça cega aos comunistas. Numa América aterrorizada e reprimida eis que alguns repórteres decidem combater o medo instalado, expondo a realidade. A equipa é liderada por Ed Murrow, o anfitrião dos programas “See it Now” e “Person to Person”, aquele que deu a cara na “luta” contra o senador e que foi notoriamente reconhecido pelos seus esforços, não só na construção de uma carreira sólida, mas dando início também à investigação jornalística no meio de comunicação que dava os primeiros passos, hoje inequivocamente o mais popular. Murrow e toda a restante equipa arriscaram-se dizendo não à passividade, à permissividade e ao medo.
George Clooney realiza e representa este “Good Night and Good Luck” expondo naturalmente questões políticas, mas dando uma achega importante ao papel da televisão, que acaba nos nossos dias por ser efectivamente um meio para nos iludir, entreter e isolar e não para nos informar (como é referido no filme). Vemos todos os dias o quão tendenciosa é a informação que nos chega na televisão, e como a verdadeira informação falha em grande parte. A questão fica talvez na definição do que é realmente a verdadeira informação… Nos dias de hoje é impossível dizer não ao entretenimento, já está demasiado entranhado em nós e no sistema, no entanto, é possível uma cooperação, se houver variedade, a televisão pode contribuir não só para o entretenimento, mas para a cultura, para a informação global e regional e para a consciencialização pública.
Este é notoriamente um filme que retrata uma época, a chamada Guerra-fria, uma “batalha” entre duas super potências, a ex-URSS e os EUA, não muito longe estiveram esses dias, e é um dia que apesar da nossa liberdade de expressão pode voltar. Ou melhor, existe em vários locais no globo e mesmo nos ditos de “1º mundo”, a opressão e o medo pode-se instalar de várias formas, subtis e até não é necessário olharmos pró terceiro mundo. Podemos seguir as nossas ideologias e crenças não interferindo na liberdade dos outros, dando a escolher, não limitar o mundo apenas aos olhos de quem tem esse poder.
Sem dúvida “Good Night and Good Luck” é um bom filme de apenas 93 minutos que sabem a pouco, com representações sólidas, o objectivo e a mensagem é suficientemente claro. David Strathairn esteve excelente como Murrow, um actor com uma voz penetrante, ideal para um comunicador nato. E ver o filme a preto e branco é simplesmente delicioso. Espero que ganhe algumas estatuetas, na minha opinião vale mais do que outros filmes que tanto frenesim provocaram desnecessariamente.