Wednesday, August 31

“O casal Arnolfini” (1434) de Jan van Eyck



Este quadro era-me conhecido sem eu própria me aperceber...só depois olhando com atenção percebi...
O pintor deste quadro - Jan van Eyck (1390-1441), nasceu na Bélgica e esteve ao serviço de muitos nobres. Em 1426 foi enviado a Espanha em missão diplomática e dois anos mais tarde a Portugal (onde pintou a infanta Isabela de Portugal, a mulher de Filipe "o Bom"- Duque de Burgundy ). Estabeleceu-se mais tarde em Bruges viveu aí até à sua morte.
O presente quadro encontra-se no National Gallery de Londres desde a sua aquisição em 1842.
O casal da figura é representado no momento em que contraem matrimónio. Um pormenor engraçado é o do espelho ao centro que reflecte a cena. Ah...no próprio quadro o pintor escreveu...”Johannes de eyck fuit hic/1434” (Johannes de Eyck esteve aqui/1434).
Acho que é escusado dizer que o quadro está excepcionalmente bem pintado e pessoalmente acho-o muito bom.
Bom quem vê/ou viu a série “Desperate Housewives” já percebeu porque me era tão familiar o quadro...

O site do museu:
http://www.nationalgallery.org.uk/cgi-bin/WebObjects.dll/CollectionPublisher.woa/wa/largeImage?workNumber=NG186&collectionPublisherSection=work

Saturday, August 27

Charlie and the Chocolate Factory (2005) de Tim Burton

Roald Dahl (1916-1990), britânico, escreveu “Charlie and the Chocolate Factory “ em 1964, tornando-o um clássico, tanto para miúdos como graúdos e utilizando o mesmo personagem para outro livro : “Charlie and the Great Glass Elevator “, que posteriormente foi adicionado ao primeiro e tendo como título “The Complete Adventures of Charlie and Mr Willy Wonka”. A sua primeira passagem para o cinema ocorreu em 1971 com o título “Willy Wonka the Chocolate Factory” e realizado por Mel Stuart. Roald Dahl escreveu também outros contos, como o conhecido "Matilda"(com um filme com o mesmo nome).
No início da visualização do filme preparamo-nos para entrar no universo Tim Burton, com as suas cores vivas e personagens fabulosas. Neste caso a personagem “bizarra” é Willy Wonka (Johnny Depp) um chocolateiro que fabrica chocolates para todo o globo, mas que ninguém conhece os trabalhadores que fazem tão delicioso chocolate. Um dia, decide este premiar 5 crianças com uma visita guiada à fábrica, só que há uma em particular, Charlie (Freddie Highmore), que tem o desejo mais puro de todas as outras. Está claro que este consegue, e juntamente com outras 4 crianças conhecem Wonka e este revela-se ao longo da visita uma pessoa marcada devido à sua infância, ou pela falta dela, por memórias antigas, ressentimentos, tristeza, dor, medo...talvez lhe possa chamar uma criança que não cresceu. À medida que o tempo passa é clara a diferença entre as crianças, umas porque são demasiado gulosas, outras mimadas, outros porque não têm o que uma criança necessita, a sua inocência e a capacidade de fantasiar e acreditar mesmo no impossível. E acho que é a grande lição da história!! O único menino puro e inocente é de facto Charlie, porque apresenta valores mais altos do que os restantes e porque preza a família mais do que tudo o resto!
O filme é Tim Burton e ponto, acho que não preciso de explicar muito mais! É muito divertido e tem umas canções muito giras, a minha favorita é sem dúvida a inicial:

Welcome Puppets: Willy Wonka, Willy Wonka, the amazing chocolatier / Willy Wonka, Willy Wonka, everybody give a cheer / He's modest, clever, and so smart, he barely can restrain it / With so much generosity, there is no way to contain it, to contain it, to contain.... to contain... to contain... / Willy Wonka, Willy Wonka, he's the one that you're about to meet / Willy Wonka, Willy Wonka, he's a genius who just can't be beat / The magician and the chocolate whiz / The best darn guy who ever lived / Willy Wonka, here he is!

E sem dúvida Johnny Depp é um dos poucos que consegue sofrer metarmofoses e estar sempre diferente, e isso é a melhor qualidade de um actor. Os restante elenco está muito bem, o rapazinho já nos habituou em “Finding Neverland” que é uma promessa para o cinema, só queria mencionar a grande actriz Helena Boham Carter e David Kelly (Joe,o avô que o acompanha na visita), sendo este de uma ternura adorável, transmitindo a todas as pessoas o desejo de terem avôs como ele.
Só para rematar...seria muito bom se as crianças e adultos vissem mais filmes como este, em vez de verem porcarias na televisão e ficarem cada vez mais impossíveis!

Thursday, August 25

“The Merchant of Venice” (2004) de Michael Radford


Shakespeare no seu melhor!
Sempre gostei das peças de Shakespeare, ainda não li nem metade, mas há algo nele que me fascina, talvez seja o modo como caracteriza as personagens e a sociedade. Esta obra foi transposta para o ecrã com actores fabulosos: Jeremy Irons e Al Pacino são de facto uns srs nestas andanças. A história ocorre em 1596 na bela cidade de Veneza, cujas tão conhecidas máscaras escondem o preconceito e o anti-semitismo, e isso é vincado na separação existente na cidade entre cristãos e judeus, sendo estes permitidos de andar misturados com cristão apenas com o uso de um boné vermelho que os identificasse, lembrando outrora as braçadeiras que os judeus usavam na Alemanha de Hitler. É sabido que os judeus sempre foram excelentes no que toca a assuntos de dinheiro, e portanto não é de estranhar que fossem agiotas, ganhando bens e dinheiro com esta “profissão”. E é a partir daqui que a história começa, apesar de escarnecidos os judeus continuavam a ser o recurso de muitos cristãos, fazendo para tal os devidos penhores. Apesar da dívida ser o mote para a história, não é pelo dinheiro em si que se movem tantas emoções (como a vingança) e preconceitos, e para mim o melhor diálogo é o que Shylock (o judeu) profere :

- I am a Jew. Hath not a Jew eyes? hath not a Jew hands, organs, dimensions, senses, affections, passions? fed with the same food, hurt with the same weapons, subject to the same diseases, healed by the same means, warmed and cooled by the same winter and summer, as a Christian is? If you prick us, do we not bleed? if you tickle us, do we not laugh? if you poison us, do we not die? and if you wrong us, shall we not revenge? If we are like you in the rest, we will resemble you in that.

A dívida é entre António (Jeremy Irons) e Shylock (Al Paciono), para que o primeiro “ofereça” ao seu mais que amigo Bassânio (Joseph Fiennes), para que consiga se casar com Pórcia (Lynn Collins) e pagar algumas dívidas. Bassânio parece tentar-se aproveitar do amigo, que aparentemente nada lhe nega, é uma amizade cega, reforçando a existência dos dois amores da vida de Bassânio.
As falas são soberbas, só lamento que Al Pacino não tenha o sotaque britânico, pois acho que ficaria mais que perfeito, sendo mesmo assim a sua performance genial.
O desenrolar da história não é muito favorável para o judeu, que apesar de olho por olho dente por dente, vê que vingança não foi um bom caminho...à primeira vista parece que o judeu foi castigado pela sua “maldade”...mas na verdade é uma personagem muito humana, que apenas tenta “sobreviver” naquela sociedade mesquinha e altiva. O mote do filme é sem dúvida o do perdão...há sempre que perdoar e continuar para a frente. Paralelamente temos também uma boa actuação de Lynn Collins, a jovem muito sensata que determina o rumo da história devido ao seu amor puro por Bassânio. Como secundários aparecem os actores Kris Marshall (ex “My family”) e Mackenzie Crook (ex. The Office) das tão conhecidas séries de humor britânicas e de participações em filmes bem conhecidos.

Wednesday, August 24

“The Alienist” (1994) de Caleb Carr






A verdadeira identidade de “Jack The Ripper” ainda hoje é desconhecida, apesar de todos os esforços e documentários, não se pode afirmar com certeza, e inúmeras pessoas poderiam sê-lo. No séc. XIX os processos de identificação eram escassos e foi a partir deste caso que se começou a desenvolver a antropometria, começando a valorizar a impressão digital, no entanto, já se sabe que as mudanças custam a entrar na mentalidade da época. O Alienista reúne estas noções para estabelecer uma história paralela em Nova York nos anos de 1896, em contraste com as prostitutas femininas, os brutos assassinatos de Nova York são de jovens do sexo masculino que se prostituem disfarçando-se de mulheres. A temática é um pouco forte e a matança demasiado brutal, mas o desvendar do Homem que a faz acaba por ser interessante e fascinante. No fundo, para descobrir um assassino é necessário descobrir porquê que ele o faz, o seu contexto, a sua infância e nada melhor que o alienista Dr. Laszlo Kreizler, o polícia Theodore Roosevelt e o jornalista John Moore, entre outros. O livro reflecte bem a mundanice, a corrupção e a falsa religião de Nova York.
O livro lê-se bastante bem, apesar das suas 531 páginas e do choque inicial que é bastante violento. Admira-me que ainda não tenham feito um filme deste livro, pois acho que seria bem melhor que muitos thrillers que por aí andam...
Não se é de conhecimento geral mas os alienistas eram os que estudavam as patologias mentais, não sei se o termo ainda é usado...mas cá fica a noção...
(o autor Caleb Carr)

Tuesday, August 23

“Lemony Snicket's A Series of Unfortunate Events” (2004) de Brad Silberling



Este filme infantil conta a história de 3 irmãos ( Violet, Klaus e Sunny Baudelaire), “abandonados” tragicamente à sorte de um tutor maléfico e muito rídiculo - o Conde Olaf. O filme tem por base um conto infantil de Lemony Snicket, e escrito em , contudo a premissa do filme parece repetitiva, apesar da sua evolução reservar algumas boas surpresas e actores bem conhecidos com papéis muito engraçados, como por ex. Meryl Streep no papel de “Tia Josephine”. Por vezes a personificação do Conde parece muito exagerada, mas devido ao facto de ser actor e de ao longo do filme isso ser atenuado, o filme torna-se muito divertido. Os “pequenos” actores também foram bem escolhidos, e a sequência de imagens e cores é fantástica. Apesar de ser um óptimo entretenimento e Jim Carrey esforçar-se muito, o filme não deixa de ser mais do que uma história fantástica para crianças não almejando mais e daí não atingir conhecidos fenómenos de popularidade. Encontramos aqui o querido actor Timothy Spall que interpreta o ridículo Wormtail na saga “Harry Potter”, a bebé baudelaire é interpretada por duas irmãs gêmeas e há também a breve presença de Dustin Hoffman. Ah...e é claro Jude Law é o narrador de voz inigualável!


Cast:
Jim Carrey - Count Olaf
Liam Aiken - Klaus Baudelaire
Emily Browning - Violet Baudelaire
Kara Hoffman - Sunny Baudelaire
Shelby Hoffman - Sunny Baudelaire
Jude Law Lemony -Snicket (voice)
Timothy Spall - Mr. Poe
Catherine O'Hara - Justice Strauss
Billy Connolly - Uncle Monty
Craig Ferguson - Person of Indeterminate Gender
Meryl Streep - Aunt Josephine
Luis Guzmán - Bald, Thickset Henchman
Jamie Harris - Hook-Handed Henchman
Jennifer Coolidge -White Faced Woman #1
Jane Adams - White Faced Woman #2


Para saber mais sobre os livros http://www.lemonysnicket.com/ e http://www.harperchildrens.com/lsnicket/

Monday, August 1

E as férias começaram...


É excelente ter férias depois do trabalho efectuado ao longo do ano, deixo para trás horas sem fio debruçada em problemas que agora parecem tão pequenos e na altura não pareciam ter fim... No fundo chegar ao fim e ter conseguido vale tanto ou mais que uma boa semana de férias, pois realmente o que conta é ter conseguido ultrapassar os problemas e estar presente agora no limiar de um novo começo. Agora sim faz sentido o descanso e com ele os tempos mortos para pensar no que será o novo ano, que desafios e dificuldades terei de enfrentar ou então as maravilhas ou tristezas, se é desta que concretizarei sonhos ou se por outro lado se me vou desiludir. Como para muita gente, é a época de muitas decisões, o tal “Muda de Vida” de António Variações, corrigir para muito melhor a nossa vida e não ter medo de arriscar. No dia-a-dia estamos engrenados no esquema, mecanizados de tal forma que só agora nos deparamos com tudo o que se passou, e penso que a reflexão é extremamente relevante. Fora isto é uma altura óptima para estar com família, amigos, “limpar” o amontoado de livros da estante, ouvir as músicas que só acompanhavam os trabalhos a más horas, alugar filmes que queríamos tanto ver, ir à praia e ficar bronzeada, sair e beber um copo com os amigos, experienciar coisas novas, conhecer novos lugares, ganhar alguma cultura e mais que tudo descansar o cérebro, o corpo e a alma!
Por isso umas boas férias a todos!!!!