Friday, May 27

“Desperate housewives” (2004) de Marc Cherry

Já que noutra ocasião referi a série “Perdidos” da RTP1 (continuem a ver, está mesmo a valer a pena), é a vez de falar de uma que começou no domingo passado na SIC. Exibiram 2 episódios dos quais apenas vi um e meio, mas que me deixou com uma excelente impressão. Sim...porque a apresentação da série não revelou o potencial que ela apresenta.
A história centra-se num bairro sossegado, igual a tantos outros americanos, em que notoriamente as mulheres são o foco. Um suicídio é o ponto de partida para a análise tanto das relações matrimoniais, como as extra, retractando a cusquice habitual e realçando que nunca se conhece verdadeiramente ninguém, que as aparências iludem e mascaram os verdadeiros sentimentos e vontades. De facto, se olharmos à nossa volta há questões que geralmente não pensamos, como : será que conhecemos as pessoas que nos rodeiam, será que fazemos ideia dos seus pensamentos mais obscuros...a resposta é óbvia...não....nunca conhecemos inteiramente alguém e se calhar muito menos a nós próprios. A série parece abordar tudo isso de uma maneira muito engraçada, tirando os habituais clichés americanos.
Como actores temos a Teri Hatcher como “Susan Mayer”(mais conhecida da TV pelo seu papel de Lois Lane na série ”Lois & Clark: The New Adventures of Superman”), Felicity Huffman como “Lynette Lindquist Scavo”, Marcia Cross como “Bree Van De Kamp” e Eva Longoria como “Gabrielle Solis”. Sem esquecer a participação masculina de Jamie Denton que era o nosso Mr. Lyle na série “The Pretender”.

Cast overview, first billed only:
Teri Hatcher .... Susan Mayer
Mehcad Brooks .... Josh Applewhite
Felicity Huffman .... Lynette Lindquist Scavo
Marcia Cross .... Bree Van De Kamp
Eva Longoria .... Gabrielle Solis
Nicollette Sheridan .... Edie Britt
Steven Culp .... Rex Van De Kamp
Ricardo Chavira .... Carlos Solis (as Ricardo Antonio Chavira)
Mark Moses .... Paul Young
Andrea Bowen .... Julie Mayer
Jesse Metcalfe .... John Rowland
Cody Kasch .... Zach Young
Brenda Strong .... Mary Alice Young
Jamie Denton .... Mike Delfino (as James Denton)
Alfre Woodard .... Betty Applewhite

Wednesday, May 25

"Star Wars: Episode III - Revenge of the Sith" (2005)

O realizador George Lucas consegui finalmente finalizar a saga de “A Guerra das Estrelas”, que é sem dúvida a obra da sua vida. A nossa infância foi influenciada pelos episódios IV,V e VI, tendo como figura mais marcante o famoso Darth Vader tão temível e cruel. Crescemos com a imagem do Homem sem rosto e com um passado algo desconhecido. Na década de 90 do século passado os menos conhecedores da saga, tiveram direito a um início cinematográfico, com actores muito conhecidos do público (Ewan McGregor, Liam Neeson, Samuel L. Jackson) e outros que se tornaram (Natalie Portman). Todos os inícios contam obviamente uma história, esta começa no I com a descoberta de Anakin Skywalker e com as esperanças nele depositadas. Este cresce e no II vive uma história de amor que o leva à perdição. Paralelamente existem as guerras políticas e de poder, juntamente com a rotura da República que se vem a confirmar no III. Este episódio (o III) é o culminar dos primeiros dois e o passo mais importante para os seguintes, é a explicação que faltava, é onde a balança pesa e caí para um lado menos favorável.
Já é do conhecimento público que Anakin, o rapazinho que “era o futuro” acaba por se tornar no maléfico Darth Vader, para desespero do Bem. Em “A vingança dos Sith” vemos a transformação do Homem confuso, inseguro e idealista em algo marcado pelo ódio, vingança e sofrimento.
Os primeiros episódios (mais o II) foca a natureza rebelde, insegura e sobretudo apaixonada, mas marcada pelo sofrimento e perda. Quando era pequeno o jovem Anakin confrontou-se com a escravidão, depois com o assassínio selvagem da mãe, tornando-se um idealista. Toda a revolta interior era reprimida pelos valores Jedi, no entanto pretende agir o mais correcto possível dentro desses ideais. Talvez por isso se tenha apaixonado por Padmé Amidala, pois esta é decidida, lutadora e também idealista. Será porventura a personalidade dela que o equilibra nos momentos de insegurança e de medo. Ele é sobretudo uma pessoa inocente, poderei dizer até pura, que de tão pura é facilmente influenciada e corruptível. É fácil ser se enganado e desviado para o mal quando não se desconfia, e se crê em algo grandioso. A questão é que por muito idealista que podemos ser, há que ter os pés bem assentes, porque nada é rígido e estanque, as coisas são flexíveis e evoluem. Podemos constatar isso sabendo que muitos dos grandes ditadores começaram por ser exactamente pessoas com ideais muito marcados. Além de todo o conflito interior que a personagem sofre tentando resistir às tentações do mal, ele vive o medo da perda, o sentimento de desconfiança de todos e a desilusão do Mestre e “irmão”. Há de facto uma grande densidade psicológica no filme, muitos laços se perdem gerando muito sofrimento. A esperança no Bem fica abalada e o caos final é total. É amor e tragédia!
O filme vale bastante a pena, principalmente porque fiquei um pouco desiludida com o II, neste o público vibra com a história apesar de a já saber. Hayden Christensen (Anakin Skywalker) têm uma performance bastante melhor e o resto do elenco também é muito bom. O filme, a meu ver, tem uma falha enorme, ele é de certo modo gradual quanto à forma como o Anakin penetra no lado negro, mas a cena em que ele transpõe a linha é algo brusca. Percebem-se os seus motivos, embora em termos psicológicos são complicados, mas a cena em si desacredita um pouco a história. É do género, descobre quem é o “mau”, denuncia-o, pensa na amada e por ela mata tudo, incluindo crianças....parece-me exagerado, mas tendo em conta que os poderes do lado negro são enormes, a coisa até pode escapar, mas fica-me um pouco entalada. Mas verdadeiramente entalada parece-me a qualidade e ignorância dos tradutores que grande parte do filme legendavam “Artoo” quando designavam o robô R2, lá pró fim já aparecia, se calhar porque também aparece o C-3PO e a ficha tenha caído.
Ver o filme vale mesmo a pena mesmo que seja só para ver o querido Mestre Yoda.
Obrigada George Lucas por este legado e obrigada John Wiliams pela música que ninguém irá esquecer e que seguramente nos marca a todos (mesmo que não queiram).
Que a força esteja convosco!!
(A minha frase favorita: "Senator Amidala: This is how Liberty dies - with thunderous applause. ")

Wednesday, May 18

"Der Untergang" de Oliver Hirschbiegel

.

O mais recente filme sobre Hitler, uma das personagens mais marcantes (mesmo que pela negativa) do séc. XX, é nos abordada pela lente de Oliver Hirschbiegel. O filme revela uma abordagem histórica e humana dos últimos acontecimentos (últimos meses) da segunda guerra mundial, concentrada na figura de Hitler e pessoas mais próximas (amante/esposa, secretária, generais...). É escusado referir a história em si porque infelizmente já a conhecemos bem, mas este filme não toca pelo horror da aniquilação judia como tantos outros, não, este agarra a história e mostra ao mundo duas pessoas, o Hitler pessoa e o Hitler Terceiro Reich. É realmente importante ter a noção que as pessoas podem não ser monstros, e que no fundo todos temos um pouco de humanidade e loucura, não querendo desculpar de forma alguma a chacina que ocorreu, pelo contrário, é ver que qualquer pessoa pode ter acções desumanas e ser “pessoa” ao mesmo tempo. Devo dizer que a película é muito interessante para alguém que goste de história, e conheça esta em particular. Há um batalhão de nomes sonantes (Himmler, Goebbles, Speer...), e para quem não conhece, é claro, uma excelente forma de passar a conhecer, a menos que não consiga acompanhar tanto nome de general que aparece. É relevante a existência destes filmes, para os que não viveram a II Guerra mundial possam se aperceber da realidade e de que infelizmente o Homem é capaz de coisas atrozes.
Palmas, para o actor suíço Bruno Ganz (“Hitler”) que tem uma representação fabulosa e poderosa.
É terrível ver como todos os que o rodeavam ficavam “hipnotizados” pelas suas palavras e ideologias, e como alguma mãe consegue assassinar cegamente os seus 6 filhos por causa de um império que caí, duma ideologia que termina (embora hajam momentos de alguma incerteza na tarefa). O ser humano é algo com que se deve estar sempre em cautela, nunca sabemos do que somos capazes e de que armadilhas a nossa mente nos coloca.

Monday, May 9

“Kingdom of Heaven“ de Ridley Scott


O novo filme de Ridley Scott – “Reino dos Céus” situa-se no séc. XII, época algo controversa das cruzadas, onde assistimos a uma guerra que ainda hoje permanece acesa. A personagem principal, Balian (Orlando Bloom) depara-se com o seu verdadeiro pai, o barão de Ibelin (Liam Neeson) e com a sua luta, a defesa do rei de Jerusalém, Balduíno IV e o seu povo. Rumando à terra santa, Balian encontra todo o tipo de pessoas, as sedentas de poder, mas também as com honra e dignidade, estas características das personagens são bem evidentes e marcam o filme. Apesar da guerra entre cristãos e muçulmanos, o que fica é o desejo de paz e a noção de que o que importa realmente são as pessoas e não apenas um pedaço de muro ou terra. A película está repleta de actores conhecidos: “Tiberias” (Jeremy Irons), “Reinaldo” (Brendam Gleeson), “Hospitalario” (David Thewlis) e “Rei Balduíno IV” (Edward Norton). Algumas das personagens são verdadeiramente históricas, mas outras são ficcionadas para um melhor realce das facções religiosas nomeadamente entre as ordens cristãs. Só como exemplo a personagem Balian existiu de facto, a maior divergência com o filme consiste na sua posição social, era de facto um lorde francês e não um simples ferreiro, mas para uma maior dramatização criou-se a personagem do seu pai o barão e toda a historia com ele associada, no entanto ficou efectivamente reconhecido pela defesa da cidade de Jerusalém.
O filme é épico sim, algumas cenas de guerra, mas acho que perde por alguns momentos parados e por algumas frases bem curtas do argumento dadas ao personagem central, apesar de Orlando Bloom ter conseguido este papel (esteve inicialmente destinado a Paul Bettany e Goran Visnjic), acho que está aquém das suas capacidades, acaba por ser um papel pouco exigente e acaba por não ser reconhecido por isso. A minha opinião é que o que fez, fez bem, mas o papel é a meu ver muito limitado, não sendo seguramente um filme para actores. Não deixa de ser um filme agradável de ver, nem que seja para lembrar que há coisas mais importantes que o poder.